samedi, octobre 14, 2006

Lamentos (ou A viagem sem volta)


A Hindemburgo de Carvalho Lisboa,

que exerceu - e que ainda exerce - profunda influência sobre minha forma de ver o mundo. Que fique aqui a minha sincera homenagem e o meu modesto muito obrigado (ou seria muito obrigada?........hunff....)

Lamentos

A vida é uma árvore,
Os humanos são seus frutos.
Como não poderia deixar de ser,
Os maduros caem;Neste caso, a força da gravidade tem outro aspecto:
Age em proporção com a consciência
Alguns não suportam a queda
Realmente, o impacto é profundo
Principalmente se carregam muitos livros...
Muitos vagam
Vêem o solo, estudam sua natureza
Sentam-se, cansados, quando não acham sentidos
Lamentam-se...
Mas a Terra, este planeta desgraçado,
Lamenta-se mais ainda
Olha para o céu; vê os outros planetas,
De uma certa forma harmoniosos,
Invejando-os, interroga-se:
- Por que, com tantas outras superfícies,
Essa maldita árvore vem crescer logo em mim?!?
A Lua, este astro que sente-se atraído pela desgraça,
Tenta consolar:
- Não fale assim, esfera mofada, não vê que nós também
Somos atingidos e deformados por vários cometas?
- Sim, vejo. Mas continuo a falar, pois tenho
Consciência de que a minha desgraça é maior...
Esses vermes humanos me atingem, me deformam, me destroem.
São cometas que eu alimento, dou apoio
Mantenho presos...
Sei que nem todos são tão ignóbeis,
Elevo os que derrubo, quero-os perto de mim.
Esses me orgulham!
Porém confesso, Lua detenta, que chego a ficar feliz
Quando ouço dessas amebas amigas
Que há séculos andam construindo uma serra,
Para cortar essa árvore maldita.
Eu já ouço o barulho da destruição...
Quando virei, porfim, a viver em paz?
- Eu realmente não sei...Mas, a propósito,
Há um certo tempo venho observando a presença
De vários humanos por aqui.
São estranhos, silenciosos, intactos...
Vejo, agora mesmo, um senhor de barba branca
Sentado ao lado de um jovem e simpático rapaz - não obstante
Sua cara de paisagem, que é irritante -
Ambos estão cercados de criancinhas com asas
- não menos entediantes -, sabe do que se trata?
- Ah, tenho idéia...sempre achei que coisas do gênero
São meio aluadas, perdoe-me a sinceridade minha cara.
Trata-se de uma representação machista
(uma das, quero dizer) da força que mantém essa árvore viva.
Noutras palavras: eis uma expressão religiosa
É a mania que as pessoas têm de colocar tudo aos seus
Arredores e semelhanças... Só entendem o que querem
Talvez até exista um sentido para essa complicação
Mas só não é o que habita as mentes da maioria insana.
Vários são os credos, é verdade, mas vários também são os enganos
Os entorpecentes...
Quase sempre confundem os galhos intermináveis e confusos da árvore
Com terra firme, com realidade
Este fato não mais me surpreende, já Globalizaram os erros mesmo...
E até Humanizaram, pois no sentido generalizado,
Ser desumano é ser sensato
Mesmo que a moralidade grite por manter sua Ordem
Até o Sol eles arrajaram de ter como inimigo!
Concordo - e muito - com quem diz que seus raios
São ultraviolentos, e talvez isso seja, dentre outras coisas,
Decorrentes daquelas ilustrações ridículas e egocêntricas
Do Sol com carinha feliz...bem feito...olhe pra isto,
Já estou virando até masoquista!
- Esses pequeninos são perigosos mesmo, soube que vêem
Até um rosto humano em minha face...que imaginação fértil, heim?!?
Não sei como você suporta.
- Eis o poder da inteligência, da...consciência!
Mas, como já disse, nem todos os vermes são repugnantes
Alguns são bem interessantes
Têm pensamentos bem lógicos, escrevem bons livros
Fazem uma boa música, uma boa Arte...efim,
Me ajudam a suportar o peso, os sofrimentos.
Tenho pena destes, pois conseguem ouvir meus lamentos,
Sentem-se insignificantes...
- Razão pela qual não falta,
- Eu sei, é que...é que...É!

(Maíra Vasconcelos)

1 commentaire:

AlrishA a dit…

É terrível o peso que enfrentamos por esta desumanizada humanidade! Mas seremos nós conscientes? Bem... talvez eles que estejam certos em se entorpecer em seus próprios erros. Afinal... tudo um dia torna a ser pó!
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SERÁ MESMO????
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... Mas talvez Parmênides esteja correto: "O ser é, o não ser... não é!"