samedi, août 02, 2008

J'ai perdu le ver de terre de vue

Para Letícia Palmeira

Fiquei de escrever algo nas horas vagas...
Percebo, agora, que este agora é vago.
Então vou escrever algo de fugidia densidade
Nesta vaga hora.
Hora que não triste, não alegre, não confusa, não aliviada, não cansada, não esperançosa..
Tantas negações para simplesmente afirmar
Sim, era tudo isso ao mesmo tempo
Mas não acordemos a contra-dição
Estou numa ausência tão grande de sentimento
Que chego a sentir a presença desta tarde
Não chovo, não faço frio, não vento tanto, só o agradável.
Não irradio nada de especial - que não o ar de maluca por estar sentada no chão do CCEN.
Estou à tarde.
Acabo de fazer prova de Cálculo
Ah, Linguagem, você e seus números...
Consiga descrever a fila de formigas que carregam suas flores
Não sei se dez vezes seus pesos
Consiga, porque eu quero dizer
Com que silêncio eu olho pro céu desta minha tarde
E me sinto uma formiga carregando uma flor em potencial
Não, não chego a segurar uma flor agora - que não a caneta
Antes fosse pena, a metáfora seria mais bonita.
Mas os tempos são outros. Mas o tempo!
?!
!! Pois que fui escrever uma interrogação
Per-seguida por uma exclamação na areia e...
Descobri uma minhoca contorcendo vida!

Depois disso, palavra não há que se queira contorcer no papel.


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O título está em francês porque... tinha que ser em francês. "Perdi a minhoca de vista", seria. Mas os franceses são mais sugestivos... na tradução, cheguei a "Perdi o verme de terra de vista". Verme de Terra, eis a verdadeira tradução.
E CCEN significa Centro de Ciências Exatas e da Natureza.