vendredi, septembre 04, 2009

Abstrair-se... nada mais que. De forma completa, de essência. Completa. A essência que é apenas, sem saber-se onde nasceu, apenas sentindo que nasce cada vez que consciente da existência. Um fluxo que não saiu de ventre algum, pelo que o ventre lhe é alheio - como talvez lhe seja o próprio existir. A Palavra que não sai, pelo que Definiria, o tempo verbal inconjugável.
Assumir a própria respiração: buscar tão-somente a Liberdade. Equilibrar-se no Possível, pelo que cria a possibilidade... nada mais que a essência. Deixar que as transitoriedades passem em e por todos os sentidos, sem lhes perguntar que ordem perene e imutável há por trás de - mas observando a própria optica e, dentro dela, sentir cada nuance correndo nas próprias veias. Vestir-se com tecidos transbordados... e despir-se ao avesso: escrever. Preencher o vazio, voltar pra dentro: abstrair-se.
Escrever dói. Mais pelo não conseguir traduzir-se que pelo saber viver-se. A angústia de não conseguir ser mais clara do que a página que fica sempre em branco, não importando o que se nela escreva, mesmo que nela eu esteja toda escrita. E por mais que se entregue: há sempre o espaço-tempo em branco, em potencial, à espera de que mais e mais seja dito, vivido.... quaisquer que sejam os pulmões que escrevam e parem de respirar-se: perecível. Somente a Possibilidade é perene, e sua ordem, um eterno processo... construir, desconstruir; inspirar, expirar; absorver, transbordar; escrever, apagar... como o que respira, percebe:
Linguagem é espelho.