vendredi, septembre 16, 2011

qualquer título que respire

Ainda gosto de deixar meus olhos abertos no escuro, mas agora talvez não saiba mais como traduzi-lo. Não. ... Antes eu já via certa inomogeneidade no escuro; não digo pelo que a fresta da janela deixa passar, mas pela granulosidade mesma do escuro, se me permite. A minha postura era mais a de quem lamenta não ver e comemora qualquer intensão de luz. Assim falava em consciência quântica sem nunca ter cortado um h. Meu silêncio agora é mais denso. Embora o escuro, concentro-me na fresta até adormecer. Não sei até que ponto isso é metafórico.

Sempre senti na pele, no útero e nas palavras que a Natureza se faz de ciclos. Ouvir meu professor de Mecânica Analítica falar isso matematicamente foi tão encantador quanto doloroso. Foi como abrir aquela janela que tanto ofuscava e que mantenho fechada por segurança. Osciladores harmônicos, órbitas no espaço de fases, dos graus de liberdade do sistema, do que pode variar: respiração de tudo. Partículas, muitas partículas, juntas, quiçá Universo: tudo, de fato, respira. Ao menos podemos assim entender. Ele me olhou firme como se soubesse que eu estremecia.

As coisas estão ficando cada vez mais graves. Enquanto eu tinha só palavras, conseguia descrever a impossibilidade de. A busca pela coerência tem me tornado uma página em branco. Talvez colorida até. Com alguns desenhos, frases soltas à espera.

Não sei até que ponto isso é feminino.

Todo mês meu corpo se prepara para abrigar uma nova pessoa, que espero não chegar efetivamente tão cedo. Tenho as mesmas crises, com temas variados. Me acabo de cantar e chorar pelos cantos. Por vezes passo a abrigar eu mesma uma nova pessoa, mas ainda, sempre, à espera. Quando enfim tiver um filho, talvez espere para sempre que ele seja o que fui e/ou não fui - talvez então compreenda minha mãe.

Pareço ainda exigir de minhas palavras uma linearidade que a Natureza não tem. Será que levo jeito pra dança contemporânea? Gosto de dançar aleatória, procurando no espaço o tempo da música. Mas ainda me deixo paralisar. Enfins.

Na verdade, eu me levantei pra escrever sobre teoria de grupos... vejo que continuo a mesma. Preciso quebrar algumas simetrias =/. Enfim, vou dormir no quarto já claro. No escuro já contínuo do que suspeitava não saber descrever. Cada vez mais agudas também, as coisas. E intangíveis. Talvez sempre.

Mas sim, depois escrevo sobre o que achei ter entendido finalmente.