jeudi, février 25, 2010

Ecos

Caramba.. pois não é que, relendo esse trecho de Eco............. ... ... !
Nossa, me pareceu tão claro. (Devo ter medo?) Ora pois não... o sujeito que constrói e é construído pelo signo. O sujeito que percebe e a percepção que vira sujeito............. não entendo agora o porquê de meu alarde.
Ah, mas deve ter sido o conjunto todo que levou e foi levado por esse parágrafo. Sabe quando você engole uma nuvem e só depois consegue digerir e entender que tava no céu?

As nuvens........

Engraçado, devo confessar aqui, depois que comecei a fazer Física virei uma nuvem. Pairando aqui a sinceridade mais plena. Fui perdendo cada uma de minhas certezas........ vi que não se constatam matéria, tempo, espaço.. evidências vêm de dentro, não estão à nossa espera, como pedras no meio do caminho.. mesmo a matemática que eu via como algo tão sólido. Mesmo os amores que pareciam eternos...
Parece que tudo afinal é construído e constrói.
E não poderia ser diferente..
Não que se questione o real das coisas. Do contrário, o real das coisas é inquestionável pelo que inexprimível. Mas há caminhos no meio da pedra. Significar o real das coisas, onde estamos e somos, abstrair realidades de coisas outras... tudo isso é produto da consciência. E tudo isso é o que a caracteriza também.
E tudo isso flui nas diferenças de potencial: o talvez que escorre entre o sim e o não.

...

Ah, nunca quis ser clara-e-objetiva mesmo..






Que a paz de Caeiro esteja convosco.
E que assim seja.

mercredi, février 24, 2010

Bom, o meu é capricórnio...

Sempre me atormentou a sombra do hermetismo em meus textos. Já criticaram o (suposto) fato de eu escrever pra dentro, já pra ninguém entender. Ok, vá lá, pode ser mesmo. Não fosse assim, eu não consideraria tão especial o (suposto?) fato de ser entendida pelas pessoas mais próximas.. é aquela história de 'Preciso de um abajur'.

Mas enfim, como nem tudo é literatura e eu estou em fase monográfica, tenho que me preocupar com a clareza sim. Já dei umas boas viajadas.. pudera, minha monografia vai tratar de como a matemática é uma linguagem.. percepção pra lá, cognição praculá...

Só que ontem me veio a certeza de que, sim, sou uma pessoa clara afinal!! Clara e objetiva, não tanto nas palavras, mas no espírito mesmo.........! Cheguei a essa conclusão lendo o que consegui ler de Semiótica e Filosofia da Linguagem, de Umberto Eco.
aaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, senão vejamos:


sobre as relações entre signo e sujeito:::::::

“Então, se se podia dizer que o signo como igualdade e identidade é coerente com uma noção esclerosada (e ideológica) de sujeito, o signo, como momento (sempre em crise) do processo de semiose, é o instrumento através do qual o próprio sujeito se constrói e se desconstrói constantemente. O sujeito entra numa crise benéfica porque participa da crise histórica (e constitutiva) do signo. O sujeito é aquilo que os constantes processos de ressegmentação do conteúdo permitem que ele seja. Neste sentido (embora o processo de ressegmentação tenha de ser realizado por alguém, e surja a suspeita de que seja uma coletividade de sujeitos), o sujeito é falado pelas linguagens (verbais ou não), não pela cadeia significante, mas pela dinâmica das funções sígnicas. Somos, como sujeitos, o que a forma do mundo produzida pelos signos nos permite ser. Somos, talvez, em alguma parte, a pulsão profunda que produz a semiose. No entanto, reconhecemo-nos apenas como semiose em ato, sistemas de significação e processos de comunicação. Somente o mapa da semiose, como se define num determinado estágio do percurso histórico (com as rebarbas e os detritos da semiose anterior que arrasta consigo), nos diz quem somos e o que (ou como) pensamos. A ciência dos signos é a ciência de como se constitui historicamente o sujeito. Provavelmente Peirce estava pensando nisto ao escrever: «Uma vez que o homem só pode pensar através de palavras ou de símbolos externos, estes poderiam começar a dizer: "Você não significa nada que nós não tenhamos lhe ensinado, logo você significa apenas por dirigir algumas palavras como interpretante de seu pensamento". Então, de fato, os homens e as palavras educam-se reciprocamente: cada acréscimo de informação num homem comporta - e é comportado por - um correspondente acréscimo de informação de uma palavra... A palavra ou signo que o homem usa é o próprio homem, pois, como o fato de que cada pensamento é um signo - considerado junto com o fato de que a vida é um fluxo de pensamentos - prova que o homem é um signo, assim o fato de que cada pensamento é um signo externo prova que o homem é um signo externo, isto é, o homem e o signo externo são idênticos, no mesmo sentido em que as palavras homo e homem são idênticas. Assim, minha linguagem é a soma de mim mesmo,, uma vez que o homem é o pensamento » (1868).”

samedi, février 20, 2010

Aresta redonda


Amor de flor e semente
Espelho e espelhado
Vice e versa:
Abraço de aresta
Entre a forma e a cor
Do mesmo quadrado azul

O rosto intocável
O céu que paira no silêncio
Os corpos e as palavras deitados na grama
"Olha, quero te dizer uma coisa...
mas nem sei..".
A voz deitada olha mas não se levanta

A grama já está no céu,
mas é tão difícil tocá-lo...