mardi, février 20, 2007

Números Complexos

Isso é o que dá gostar de Matemática e de Literatura ao mesmo tempo...

Tudo estava bem...
Ela fumava os Fundamentos da Matemática Elementar
Cheirava Cazuza naquelas páginas antigas
Mas entre aqueles números
Havia um certo papel dobrado
Havia tanto tempo ali
Que os cupins se deram ao luxo de fazer únicos furos
- Atravessando Tudo como flechas
Ai, foi aí que ela sentiu a neuralgia
E doeu tanto...
Sei porque suas mãos foram ao peito
Com a intenção de estancar a Saudade que escorria
Pelo quarto
Naquele papel estava um esquema-resumo
Que seu pai preparara
Há Tempos (faixa belíssima de Mais do mesmo...)
O cd estava a sua frente, como sempre
E de novo aquilo se repetia:
Lágrimas e depois, poema.
Quando ela foi me olhar,
Contraiu toda a sua angústia em uma imagem
Que adentrava o Sangue Latino, de Ney Matogrosso
Mas aquele sangue circulava nela
Eu era e sou apenas a imagem
A imagem de uma matéria instável
Zeus!
Será que ela é real? E eu virtual?
Ou é tudo uma questão de números imaginários?
E, para nossa tristeza, logo após seremos
Igual a menos um
Uma demonstração simples...uma lógica que assusta
Tudo é complexo demais para ser real
Mas está aí: o Real é parte da Complexidade!
Eu ainda quero descobrir o conjunto dos Surreais,
Também dentro dos complexos, logicamente
Talvez eu me enquadre melhor nele
Já que não sou natural
Nem inteira
Nem racional (...)
Nem irracional
Nem real - vai saber
E ainda dizem que a Matemática não faz sentido

01:06, mais ou menos
Ela dobra o papel, fecha a "Bíblia"
- Nada mais de conceitos por aquela noite
Agora ela vai
Perder-se nos braços de sua imaginação...
Enquanto eu fico por aqui
Nessa ponta de caneta
Nesse ponto final .

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