mercredi, décembre 20, 2006

____O Simbolismo surge no contexto literário para resgatar o que de transcendental havia praticamente se perdido desde o Romantismo, mantendo, portanto, a "paixão do efeito estético"[1].
____As relações entre essas duas correntes, quais sejam, o Simbolismo e o Romantismo, vêm com fôrmas paralelas e , nas palavras bem ditas de A.Bosi: "[...]Ambos os movimentos exprimem o desgôsto das soluções racionalistas e mecânicas e nestas reconhecem o correlato da burguesia industrial em ascensão; ambos recusam-se a limitar a arte ao objeto, à técnica de produzí-lo, a seu aspecto palpável; ambos, enfim, esperam ir além do empírico e tocar, com a sonda da poesia, um fundo comum que susteria todos os fenômenos, chame-se Natureza, Absoluto, Deus ou Nada."[2]
____Esta harmonia entre duas correntes que intercalam seu "oposto" não chega a ser uma exceção - do contrário, uma espécie de regra - no princípio motor da Literatura.
____Vistas sob dimensões históricas, as escolas literárias parecem dançar num ritmo oscilatório entre suas teses e antíteses: se o Barroco ostentava, o Arcadismo não ligava; se o Romantismo idealizava, o Realismo concretizava. Se o Simbolismo bebe noutras fontes, isto não configura cena rara. Este simples movimento harmônico (.................sim, leitor, é uma referência ao MHS da Física..........) no qual caminha a Literatura respeita sempre as tendências do "agora" sem deixar de dialogar com as do "antes". É neste diálogo que surgem inovações e ressalvas, de acordo com a grande teia de relações políticas, socio-econômicas e culturais, teia essa tecida pela própria Humanidade ao passar dos tempos.
____Focando, pois, os nossos sentidos no Simbolismo e seu contexto histórico, temos um belo exemplo para ilustrar o parágrafo anterior: "O irracionalismo literário não é capaz de substituir em fôrça e universalidade as crenças tradicionais; nem seu alheamento da Ciência e da técnica vai ao encontro das necessidades das massas que ocuparam o cenário da História nesse século e têm clamado por uma cultura que promova e interprete os bens advindos do progresso. Daí, os limites fatais da sua influência. No entanto, o irracionalismo dos decadentes valeu (e poderá valer) como sintoma de algo mais importante que os seus mitemas: o incômodo hiato entre os sistemas pretensamente "racionais" e "liberais" da sociedade contemporânea e a efetiva liberdade do homem que as estruturas socio-econômicas vão lesando na própria essência, reduzindo-o a instrumento de mercado e congelando-o rm papéis sociais cada vez mais oprimentes. Os Simbolistas - como depois as vanguardas surrealistas e expressionistas - tiveram esta função relevante: dizer do mal-estar profundo que tem enervado a civilização industrial; e o fato de terem oferecido remédios inúteis, quando não perigosos, porque secretados pela própria doença, não deve servir de pretexto para tardias excomunhões."[3]____Dito isto, nada mais se faz preciso.

[1],[2] pág.293, História Concisa da Literatura Brasileira, Alfredo Bosi.
[3] pág.297, referência anterior.

*Texto inspirado pelo contexto dos caracteres gerais do Simbolismo, dados por Alfredo Bosi em sua História Concisa da Literatura Brasileira.

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