mardi, mars 23, 2010

Asas de cigarra



I

E se eu pisasse apenas no chão?
Quem sabe não saberia por onde ir...
E se dissesse apenas o pronunciado
Cantaria de forma plena?
Antes desistisse de escrever
A solidão não teria possibilidade de ser lida
E a ausência seria apenas ausência, ponto.
Aceitaria pensar de uma única forma
Teria tudo uma única semântica, fora.
Esperaria que tudo lhe visse no singular
Cada lágrima seria palpável e estaria toda
Dentro do que se pudesse enxugar
Há cigarras no som das palavras, no espaço (dentro).



II

Os tempos verbais oscilam
Entre o que tem claridade e o que sabe ser escuro
E dançam na chuva mesmo que ela não lhe caia
O tempo do que se escreve nem precisa
Ser o mesmo do que aquele em que se lê
- Espaço Lingüístico de métricas e rimas indefiníveis
Que já define o em torno
Dois pontos: infinito e plural.

Seja como-for, linguagem é sempre espelho.
Antes não refletisse tanto a vontade do que é simétrico
O leitor dual, o Outro, a correspondência...
Silêncio guardando a espera e o esperado, nulo.

Guardo sempre um silêncio esperando quem o consiga achar
O que sempre não digo precisando que me adivinhem
Máximos detalhes: insuspeitados
Vontade de assumir o impermeável da redondeza.

O medo do inverno que ameaça:
E se eu desistisse de escrever?



III

Não sei viver de forma explícita, delimitada
Quero seguir explodindo e calando
Aqui, no eterno presente das Palavras em plenoutono:
Outono é tempo de cigarras

Gosto de andar de forma reticente...
Uma pausa em cada ponto, em cada passo (aberto)


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