samedi, mai 10, 2008

Mônada Voadora

"Foi então que senti qualquer coisa como um comichão entre os cabelos, como se algo brotasse de dentro do meu cérebro e furasse as paredes do crânio para misturar-se com os cabelos. Aproximei-me do espelho, procurei. Era uma borboleta. Das azuis, verifiquei com alegria. Segurei-a entre o polegar e o indicador e soltei-a pela janela. Esvoaçou por alguns segundos, numa hesitação perfeitamente natural, já que nunca antes em sua vida estivera sobre um telhado." (Sim, Caio F. A. em Uma História de Borboletas)


Não - não vou fugir das palavras. Tenho feito isso com uma freqüência que, de tão grande, já rara.
"Sejam em verdade eternos, além dos opostos do mundo!"
Sim, foi o que Krishna disse, ou deve ter dito se passasse de vontade. Uma vontade de sintetizar o que análises espalhavam em diversas mentes; a vontade da personificação. Vocês sabem, minhas palavras, tenho-lhes escrito pouco. Mas é que vocês têm ficado tão acuadas com os últimos acontecimentos - ou, antes, com os não-acontecimentos; ou, depois, com as mordaças. Vocês que me (não) levam à leitura dos que te lêem. Ah, às vezes eu queria ser só vocês. Porque às vezes é difícil ser tridimensional, ter profundidade... claro, conto três as dimensões não vistas do-dentro. Pois que. Ah, eu bem que queria poder dizer-vos todas; livres. Ao menos. Mas mesmo assim. Não importa, acostumada que estou ao silêncio. É que às vezes é de se entender a necessidade do pôr-para-fora. Neste caso, metá-foras. É que os foras são em maioria incompreendivos. SIC. Foi o que quis escrever, nada errado. - Deixem-nos dizer o que ela deixa. Não poderia ser diferente, não? "Não", disse o Não indagado. Ha-Ha. Eu entendo a afirmação meio-que desesperada de Leibniz: "Sim, mônadas!". Provável é que ele não dissera assim, nem mesmo frente ao espelho, enquanto tentava ver a própria Imagem: Sim, mônadas! Nem mesmo quando tentava explicar-se à Outra pessoa, qualquer. : Sim, mônadas. Nem mesmo quando frustrou-se ao ter-se entregue numa carta mal-compreendida, embora clara (mas quem ilumina? Ora, a luz muda o que toca..). E era para quem a ele compreendia em seu único; e era para quem o ouvia com aquele sorriso holográfico nos olhos e significados. Era para Quem. Sim, mônadas. . Ouço-me (a)firmar. Não, Capra, não me olhe com essas palavras! Eu sei que a física quântica vem provando que tudo está mesmo inter-entre-meta-ligado. Eu sei que a filosofia oriental é uma bela base para Isso, mesmo que "A interpretação verbal, por outro lado - isto é, a metafísica da teoria quântica -, apóia-se num solo menos sólido." Que sua estrutura matemática & por isso mesmo, consistente. Ah, eu sei, eu sei. Imagino, pois. Imagens, não mais que, talvez. Mas... existem pontos finais que enganam: são reticências comprimidas. Que desistiram, é provável, de se (justi)ficar. Talvez pela certeza de que não passam de uma outra história de borboletas. De não serem tragadas em seu Todo por algum que passe, cerebrado. De não serem - por mais eloqüentes e/ou sugestivos (as) - compreendidos (os, mesmo). Talvez pela certeza de serem mônadas. Sim, nós! Por exemplo. Apenas vozes da voz. Da Voz que prefere ser reticente, prefere pedir Silêncio (De Palavra em Palavra mesmo, Caetano. Sommm). Como se dizer-se por Silêncio já não servisse para nos calar as palavras. Em palavras. Apenas vozes. Que preferem, também, calar. Isso sim um oposto-além-de-si. Esse texto mais parece uma borboleta, Caio.
Das incolores.

2 commentaires:

Anonyme a dit…

"existem pontos finais que enganam: são reticências comprimidas. Que desistiram, é provável, de se (justi)ficar. Talvez pela certeza de que não passam de uma outra história de borboletas. De não serem tragadas em seu Todo por algum que passe, cerebrado. De não serem - por mais eloqüentes e/ou sugestivos (as) - compreendidos (os, mesmo)."

Lindo momento, bela! Digo, o todo, não só o citado acima.

Como eu disse em outra mídia: sua singela epifania, ajudada pelo belo e cheio-de-horizontes conto de Caio, sobre o quão profundo se pode ir nos limiares da consciência, da comunicação, do pensamento.

Sei o quanto desconfias de todo este profundo. Eu menos, você sabe - nos sabemos.

Mas conseguiste ali me fazer sentir um pouquinho de pra onde tua incrível mente aponta. Consegui ver, em volta das palavras, essa bruma de significados-além que você sempre enxerga.

Caio também me ajudou, é claro.

Não sei aonde as tais dimensões extras levam; você também não tem o mapa todo, presumo. Quem teria? Mas sua Mônada Voadora foi um belo convite para irmos descobrir!

;)

Bjs!

Germano Viana Xavier a dit…

Seguindo os passos da Alice, chego aqui ao seu espaço.

Deixo abraços pernambucanbaianos.

Germano
www.clubedecarteado.blogspot.com