mardi, novembre 22, 2011
Não-holonômico
Há de vir entre vírgulas, sutil, e literalmente colorido
Com as mais lindas palavras
Há de me falar sobre estrelas e ramalhetes delas
De olhos fechados
Há de vir entre nuvens e aos soluços
De peito aberto e pelo avesso
Não vai saber aonde ir ou de onde vir
Mas saberá ficar em silêncio
Há de amar a todos os meus já amores
Com a pureza de um Sol
A cada um trará um suspiro
E todos eles virarão rios, cada qual a seu leito
Eu hei de me banhar em todos num mesmo ato
E a todos virar um marvsem fim
A cada fronteira viraremos margens, plantas, pedras
A cada deserto viraremos areias e ventos
Preencheremos tudo, a cada vazio
Nossa luz há de respirar a tudo, um dia
Comerá o dia e trará a noite dentro dos olhos, nossa luz
E o próprio tempo virá conosco
Ver quem corre mais rápido até o muro
Nos perder uns dos outros
Não saberemos mais o quanto somos
Ficaremos quietos, indistingüíveis
De olhos abertos,
ou mesmo sem olhos nítidos
Nossas estrelas, daremos ao acaso
Ramalhetes deles seremos
Sem aspas, despidos de qualquer sentido
Literalmente indizíveis,
Mergulharemos entre linhas
Costurando cada palavra que disserem em nosso nome
Com as mais lindas cores
Não importa o que e quem se diga, haverá de ser
O meu amor
vendredi, novembre 04, 2011
Sobre irrigadores de jardim
Não sei se tudo seria mais simples se eu fosse um irrigador de jardim
(daqueles mais enflorescidos que chega brilham...)
Talvez fosse o mesmo se-dar-sem-se-ter de algumas vezes
Meu silêncio é de água
Rio de infinitas buscas e é mesmo engraçado, quando se senta à margem
Não sei se é pra fora ou pra dentro que as palavras colocam o que não consigo dizer
Sinto falta de minha pouca linearidade.
De minha falta de tantos receios e resignações sobre o que não entendo
Aos que não me sabem, meu silêncio de água
As paredes mais espessas são as que não existem
As que não cercam, mas apenas se deixam penetrar
Mais ou menos sufocantes, mais ou menos demolidas
Meu Bom Jesus Eletromagnético, por que tantas partículas elementares?
E o que se há de dizer quando se completar o alfabeto?
vendredi, septembre 16, 2011
qualquer título que respire
Ainda gosto de deixar meus olhos abertos no escuro, mas agora talvez não saiba mais como traduzi-lo. Não. ... Antes eu já via certa inomogeneidade no escuro; não digo pelo que a fresta da janela deixa passar, mas pela granulosidade mesma do escuro, se me permite. A minha postura era mais a de quem lamenta não ver e comemora qualquer intensão de luz. Assim falava em consciência quântica sem nunca ter cortado um h. Meu silêncio agora é mais denso. Embora o escuro, concentro-me na fresta até adormecer. Não sei até que ponto isso é metafórico.
Sempre senti na pele, no útero e nas palavras que a Natureza se faz de ciclos. Ouvir meu professor de Mecânica Analítica falar isso matematicamente foi tão encantador quanto doloroso. Foi como abrir aquela janela que tanto ofuscava e que mantenho fechada por segurança. Osciladores harmônicos, órbitas no espaço de fases, dos graus de liberdade do sistema, do que pode variar: respiração de tudo. Partículas, muitas partículas, juntas, quiçá Universo: tudo, de fato, respira. Ao menos podemos assim entender. Ele me olhou firme como se soubesse que eu estremecia.
As coisas estão ficando cada vez mais graves. Enquanto eu tinha só palavras, conseguia descrever a impossibilidade de. A busca pela coerência tem me tornado uma página em branco. Talvez colorida até. Com alguns desenhos, frases soltas à espera.
Não sei até que ponto isso é feminino.
Todo mês meu corpo se prepara para abrigar uma nova pessoa, que espero não chegar efetivamente tão cedo. Tenho as mesmas crises, com temas variados. Me acabo de cantar e chorar pelos cantos. Por vezes passo a abrigar eu mesma uma nova pessoa, mas ainda, sempre, à espera. Quando enfim tiver um filho, talvez espere para sempre que ele seja o que fui e/ou não fui - talvez então compreenda minha mãe.
Pareço ainda exigir de minhas palavras uma linearidade que a Natureza não tem. Será que levo jeito pra dança contemporânea? Gosto de dançar aleatória, procurando no espaço o tempo da música. Mas ainda me deixo paralisar. Enfins.
Na verdade, eu me levantei pra escrever sobre teoria de grupos... vejo que continuo a mesma. Preciso quebrar algumas simetrias =/. Enfim, vou dormir no quarto já claro. No escuro já contínuo do que suspeitava não saber descrever. Cada vez mais agudas também, as coisas. E intangíveis. Talvez sempre.
Mas sim, depois escrevo sobre o que achei ter entendido finalmente.
samedi, février 26, 2011
ê 1
Beleza assimétrica, das que mais profundamente me encantaram. Ela me envolvia quando eu alcançava o alto de sua cabeça, intocável, e assanhava os cabelos: confundia o tempo.
No que pairava, olhando cada detalhe do que nem via, as fendas que o sorriso lhe abria e um silêncio que nem sei. Mas que é feito de música.
Éramos dois desconhecidos, abraçados à serenidade do que não-se-sabe-mesmo, talvez. Cada qual a seu modo e caminho, contas e contas.
correndo e olhando o céu
Não há perigo de esfriamento ou entopimento de qualquer veia poética. Do contrário..
Decidi virar meu espelho pro céu: estudar estrelas de nêutrons!! estudar estrelas é uma forma de se aproximar da poesia, toda ela. No plural. 'Espelho do mar de mim'...
A correria tem me impedido de ser reticente. ... mas sigo o conselho de Cartola: ai, corra e olha o céu, que o sol vem trazendo bom-dia. Divino
Linda.. no que se apresenta, o triste se ausenta... a beleza verdadeira, como bem colocou Newton da Costa num discurso que fez na UFPB, é aquela que se transforma sempre e sempre nos encanta a cada mudança..
é bom ter uma fonte de dúvidas e cuidar bem dela. Dá força e rumo quando tudo parece querer parar e se perder.
O que a gente tem de estrela sabe esperar o tempo de explodir, né? Ciclos, sempre.