dimanche, mai 16, 2010

construição



Que fiquem fora os que não souberem entrar
Minhas janelas continuarão abertas
Mas a porta, deixarei encostada.


Sou um dentro que nunca se soube
No que também fora não poderia
Mas sinto em volta qualquer envoltura
E dentro há o mesmo receio flexível
De uma porta encostada
Que já cansei de escancarar, vendo entrar apenas vento frio


Que chegue quem me souber o caminho
Quem sentir qualquer cheiro do que quer que seja
Mas que seja
Caso venha, a ser
E que não bata à porta
Deixe quem sabe um bilhete por debaixo
Ou cante qualquer luz perto da janela...
É de mim que me protejo.


Não posso mais dar meus céus a qualquer asa
Nem mesmo a quaisquer de minhas nuvens
Deixo que voem e pairem,
Mas sinto agora qualquer telhado.



2 commentaires:

Alfredo Alves Albuquerque a dit…

Esse é um blog repleto de nuvens, céus, asas. Vertiginoso.

Sem nome a dit…

muito bom.... um metáfora bem elaborada da imagem inconsciente de nosso corpo, nossa casca, nossa porta... Fugimos sempre de nós mesmos, mas isso não é, de todo, ruim. Precisamos desse resto que não damos conta, pois é essa energia que transborda e escapa de nós mesmos que transformamos em poesia...