samedi, juillet 10, 2010

Luto


Há uma espécie de luto por detrás de tudo o que vive

E o escuro que envolve a luz torna o que se vê tão frágil... Mas quem vive sente o visível tão único e especial, tão intenso.

Quando fotografei essa flor de cactus, a imagem me pareceu retratar a paixão. Qualquer que seja.
Na verdade, a história que envolve essa flor merece um texto à parte, que apenas comecei a escrever.
Ela explode na esquina daqui de casa vezenquando. Dizem que anuncia a chuva..


Explodem e logo desaparecem. Não sei se morrem ou simplesmente respiram.


Perdi um grande professor de física essa semana, hoje fazem sete dias. Mário Assad...
Não sei se pelo fato de ele me ter incentivado a olhar a natureza tal-como-ela-é, como poucos professores de física o fazem, mas a dor de não compreender o que é Natural brilhou muito aguda.
Não sei se ele morreu ou foi a natureza que deu outro suspiro.. se algo permanece. Nem se a energia se conserva, como a gente aprende a calcular (erguendo universos a partir disso).
Ao que tentem consolar, dizendo que a morte é natural, sinto ser por esse motivo ela tão dolorosa.


E a vida tem algo de paixão também.. a gente sente uma certa posse.. .
O sujeito que se define, artigo. Que se isola, define as próprias fronteiras.
Por todos os lados, a natureza mostra que isso é ideal, que não há sistemas de fato isolados, que tudo se interliga, quanto mais fundo se olha o espelho ___________

mas não sei se se pode fugir das delimitações
Ao menos na nossa escala, do nosso ponto de vista, na ponta dos dedos.. as distâncias surgem. Tudo parece sólido, impenetrável. Podendo cair e quebrar, estridente.
E o medo de restar, ficar só, de todos aqueles que a gente ama irem embora pra não-se-sabe-onde.
Cíclico.


Talvez o mais simbólico nessa foto seja a ausência do que sustenta esse ramo de Vida. De onde se vê, é tudo o que se vê. Algo que paira no espaço e no tempo.
Explosão suspensa: grito de luz refletindo silêncio.


Bem provável que eu nunca termine de escrever sobre a flor, vida, paixão.. nem mesmo entenda em que se sustentam.
Outra coisa: tudo fica um pouco sem sentido e inexplicável também. É preciso respirar fundo pra continuar vivendo, apaixonando, estudando, sentindo.

Resta guardar o que se pode perceber na lembrança, dentro. E continuar respirando tudo o que contrasta aos sentidos.
Sentir.. o que nos liga e separa. Definitivamente.
Até quando/onde não se puder mais

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