Sempre me atormentou a sombra do hermetismo em meus textos. Já criticaram o (suposto) fato de eu escrever pra dentro, já pra ninguém entender. Ok, vá lá, pode ser mesmo. Não fosse assim, eu não consideraria tão especial o (suposto?) fato de ser entendida pelas pessoas mais próximas.. é aquela história de 'Preciso de um abajur'.
Mas enfim, como nem tudo é literatura e eu estou em fase monográfica, tenho que me preocupar com a clareza sim. Já dei umas boas viajadas.. pudera, minha monografia vai tratar de como a matemática é uma linguagem.. percepção pra lá, cognição praculá...
Só que ontem me veio a certeza de que, sim, sou uma pessoa clara afinal!! Clara e objetiva, não tanto nas palavras, mas no espírito mesmo.........! Cheguei a essa conclusão lendo o que consegui ler de Semiótica e Filosofia da Linguagem, de Umberto Eco.
aaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, senão vejamos:
sobre as relações entre signo e sujeito:::::::
“Então, se se podia dizer que o signo como igualdade e identidade é coerente com uma noção esclerosada (e ideológica) de sujeito, o signo, como momento (sempre em crise) do processo de semiose, é o instrumento através do qual o próprio sujeito se constrói e se desconstrói constantemente. O sujeito entra numa crise benéfica porque participa da crise histórica (e constitutiva) do signo. O sujeito é aquilo que os constantes processos de ressegmentação do conteúdo permitem que ele seja. Neste sentido (embora o processo de ressegmentação tenha de ser realizado por alguém, e surja a suspeita de que seja uma coletividade de sujeitos), o sujeito é falado pelas linguagens (verbais ou não), não pela cadeia significante, mas pela dinâmica das funções sígnicas. Somos, como sujeitos, o que a forma do mundo produzida pelos signos nos permite ser. Somos, talvez, em alguma parte, a pulsão profunda que produz a semiose. No entanto, reconhecemo-nos apenas como semiose em ato, sistemas de significação e processos de comunicação. Somente o mapa da semiose, como se define num determinado estágio do percurso histórico (com as rebarbas e os detritos da semiose anterior que arrasta consigo), nos diz quem somos e o que (ou como) pensamos. A ciência dos signos é a ciência de como se constitui historicamente o sujeito. Provavelmente Peirce estava pensando nisto ao escrever: «Uma vez que o homem só pode pensar através de palavras ou de símbolos externos, estes poderiam começar a dizer: "Você não significa nada que nós não tenhamos lhe ensinado, logo você significa apenas por dirigir algumas palavras como interpretante de seu pensamento". Então, de fato, os homens e as palavras educam-se reciprocamente: cada acréscimo de informação num homem comporta - e é comportado por - um correspondente acréscimo de informação de uma palavra... A palavra ou signo que o homem usa é o próprio homem, pois, como o fato de que cada pensamento é um signo - considerado junto com o fato de que a vida é um fluxo de pensamentos - prova que o homem é um signo, assim o fato de que cada pensamento é um signo externo prova que o homem é um signo externo, isto é, o homem e o signo externo são idênticos, no mesmo sentido em que as palavras homo e homem são idênticas. Assim, minha linguagem é a soma de mim mesmo,, uma vez que o homem é o pensamento » (1868).”